quinta-feira, 24 de março de 2011

É preciso aprender a deixar partir

Por vezes, o cotidiano nos traz lições profundas, que mudam nosso modo de encarar algumas realidades.
E dessa vez, entendi que é preciso aprender a deixar partir.
O sábio Rei Salomão disse que "há tempo para todo propósito debaixo do céu; tempo para guardar e tempo para deitar fora" (Eclesiastes 3:1,6).

Nossa tendência é nos apegarmos à aquilo que temos e que construímos como se naquilo estivesse nossa última esperança. Parecemos crianças em dia de aniversário, que não larga, por nada, a boneca nova, o carrinho ou o tênis (e até dorme com ele!)
Mas, às vezes (e muitas vezes), precisaremos deixar partir algo ou alguém.

É preciso aprender a deixar partir a irmã mais nova que se casa primeiro que você.
É preciso aprender a deixar partir a filha que quer seguir sua vida, morar sozinha, mesmo que ela ainda não tenha casado.
É preciso deixar partir aquele amigo que, sem explicar, saiu da sua vida e seguiu rumos desconhecidos.
É preciso deixar partir o sentimento de afeto profundo dos braços de quem já te prometeu o mundo.
É preciso deixar partir os conceitos, os pré-conceitos.

Só não deixe partir sua essência. Seus princípios. Seu caráter.
Mas, de resto, aprenda a deixar partir, ainda que no seu mundinho não seja hora para isso (e para alguns, nunca será hora, mas é preciso deixar partir).
Entenda que só se preenche o vazio, só é possível colocar aonde não se tem.
Aprenda a deixar partir, não apenas o velho, mas também o novo. Só assim se dá lugar ao mais novo, ao extraordinário, ao inevitavelmente delicioso.

Aprenda a deixar partir os dias de primavera, as noites de verão. Disponha-se a se conhecer no inverno e esteja disposto a ver folhas caídas no outono. Mas, aprenda a deixar partir.
Esperanças, sonhos, projetos. Pense bem. Depois que eles se tornam um fardo, uma cobrança constante, um ideal quase inatingível, talvez, muito provavelmente, esteja na hora de deixar partir.

Aprenda a deixar partir velhas lembranças que trazem um sentimento de perda. Pense que você, naquele momento, deixou partir, e que isso definiu quem você é hoje. E viva intensamente sua escolha.
Como eu já disse, não peço que compreendas ou que concordes. Minhas escolhas são minhas, só minhas. Apenas respeite.
E você também deveria pensar assim.
Aprenda a deixar partir, seja hora ou não, custe dor ou lágrimas, abraços ou sorrisos.
Simplesmente aprenda.
E deixe-se desocupada para o novo!

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