domingo, 20 de novembro de 2011

Ainda podemos sonhar

No fundo escuro daquela prisão, talvez ninguém julgaria aquele menino se ele desistisse.
Afinal, sua trajetória até ali mais parecia um filme de terror.
Órfão de sua mãe quando ainda mal sabia ler, viu-se diante de um mundo áspero e rude.
Seus irmãos, bem mais velhos que ele, filhos de outras mulheres, não gostavam muito da ideia de dividir a casa com um menino mimado como ele.

Seu pai, já velho, ainda chorando a morte de sua mulher amada, viu nele a chance de consertar antigos erros. Mas isso foi o que lhe causaria tantos problemas.
O menino cresceu sem senso de limites, mas com grandes sonhos.
E seus sonhos tornar-se-iam seus maiores pesadelos.

Ainda jovem, seu pai incumbia-lhe de vigiar seus irmãos.
Não bastava ser o queridinho; era ainda o fofoqueiro oficial da família.
Quanto ódio não se alojou naqueles corações!

E não bastasse isso, seus sonhos eram largamento compartilhados, com a boca cheia:
"Sonhei que estávamos colhendo trigo; e então, o meu feixe se colocou de pé, e os de vocês se curvaram."
Não, seus sonhos não estavam errados. Errada era a hora e a maneira de contá-los!
"Eu vi o sol, a lua e onze estrelas se curvarem diante de mim."

O mais querido pelo seu pai, presenteado com o mais caro do vestuário local.
Mas seus irmãos tinham por questão de honra acabar com aquela situação.
"Lá vem o sonhador."
E assim começa a aparente tragédia na vida de José.

Nesta história ninguém é isento de culpa.
Jacó criou um filhinho-do-papai.
José cresceu rodeado de mimos e acreditando ter o rei na barriga.
E os irmãos, relegados a segundo planos, filhos das mulheres, que não a amada Rachel, jamais tiveram a atenção e o cuidado que todo filho deveria ter de seus pais.

É por isso que a decisão de matar o causador de tamanha dor não parece estranha aos irmãos, salvo um deles.
Mas eles não vão tão longe: vendem José a uma caravana de negociantes de escravos que descia ao Egito.
E lá se vai José, rumo a uma jornada que transformaria um menino em um governador.

De irmão vendido, torna-se escravo comprado por Potifá.
E lá prospera. Prospera tanto a ponto de seu senhor colocá-lo como chefe sobre tudo. 
Às vezes fico pensando se José não se acostumou com aquela vida; se não acreditou que aquilo era o máximo que chegaria.
Por vezes, acho que ele poderia ter desistido do grande sonho e aderido àquela vida como a realização inacabada daquela Era de Ouro outrora sonhada.

Deus nunca faz nada por acaso. Nunca.
Na casa de Potifá, como escravo, José aprendeu a humildade que lhe faltava na casa de seu pai.
E deixou de ser fofoqueiro. Quer ver?

Quando a mulher de Potifá, ao tentar seduzi-lo, sem sucesso, acusa-o de tentar violentá-la, José poderia muito bem ter "gritado seus direitos" dizendo ser ela a adúltera.
Mas não o fez. José aprendeu a confiar na justiça de Deus.
Aliás, Potifá bem conhecia sua esposa, pois se acreditasse em sua versão, teria dado destino muito diferente ao que deu a José: a prisão do Egito.

E na prisão, José aprendeu a administrar o nada.
Por dois anos, naquele fim de mundo, poderia ter desistido. Ninguém o culparia.
Mas talvez ali ele tenha entendido que o sonho dele não se limitava à casa do general Potifá. Talvez ali ele tenha compreendido que seu destino era o palácio real.
E permaneceu firme, crendo que um dia, tudo aquilo faria sentido. 
Pois quem havia lhe feito sonhar era maior do que ele, maior do que a prisão, maior do que o ódio de seus irmãos!

O grande segredo de José não está no sonhar.
Seu grande segredo foi confiar em quem o fez sonhar!
José acreditou piamente que se o Deus de seu pai, de seu avô, de seu bisavô Abraão o escolhera para tão grandioso sonho, aquele sonho, uma hora ou outra, se realizaria, custasse o que custasse.

José nos ensina que sonhar não é tudo. Confiar em quem lhe deu o sonho é que é essencial!
Sem confiança, não há descanso.
Sem descanso, não há espera.
Sem espera, não há realização.

Sonhos sonhados em Deus sempre se realizarão, pois os sonhos de Deus não podem morrer, pelo simples fato de que foi o próprio Eterno quem os sonhou primeiro.
Ainda que o poço seja fundo; ainda que a prisão cheire mal; há um propósito para todo acontecimento enquanto se espera a realização do sonho.
O poço não é o fim.
A prisão não é o fim.
Nem a casa de Potifá é o seu destino.
Se você nasceu sonhando com o palácio, acredite, você chegará lá, pois o Eterno também sonhou.

E para quem ainda não sabe, José, dois anos depois, foi chamado pelo Faraó para interpretar um sonho (Deus faz algumas coisas engraçadas).
E nessa de interpretação, José não apenas disse ao Faraó o que o seu sonho significava, mas lhe deu a estratégia para combater a Grande Fome e ainda saiu com o título de Governador do Egito, com poderes limitados apenas pelo próprio Faraó.
E mais tarde, na época da escassez, seus irmãos vieram lhe procurar, curvando-se diante dele, como naquele velho sonho.
Mas isso, já é outra história!

Para o livro Promessas e não Probabilidades.

Abraços

Sua sempre, Rachel=)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Esquece, Ele vai fazer!

Um dos meus primeiros "posts" foi sobre ouvir Deus. E começo a perceber que talvez, em toda a caminhada cristã, este seja um dos grandes segredos.
Não sei vocês, mas eu (e mais algumas pessoas com quem convivo há anos) são assim: às vezes, evitam falar com Deus, porque uma hora Ele vai falar, e por mais teimosos que sejamos, não haverá como resistir.

É engraçado como por vezes tentamos inutilmente fugir dos planos do Eterno.
E digo inutilmente mesmo, porque é algo simplesmente impossível.
Podemos nos "esconder" da Sua Vontade, do Seu Plano por algum tempo. Mas esse tempo será sempre reduzido.
Afinal, acho que às vezes esquecemos o que significa dizer "Planos do Eterno"!!

Essa semana foi a prova cabal de que não se foge do chamado.
Pode-se tentar se esconder, se esquivar, rejeitar, espernear! 
Esquece. Algumas coisas nessa vida são destinadas a você.
E o Eterno, quando faz planos, Ele faz sabendo que eles se cumprirão.

É por isso promessas ditas pelo Eterno não são como nossas promessas de fim de ano.
Meras expectativas. Simples probabilidades.
As palavras do Senhor jamais cairão por terra. Nunca serão pronunciadas sem a certeza de que elas já são no mundo dEle.
E é por isso que fugir não adianta nada. 

Por isso, é preciso firmar-se na certeza de que, ainda que o vale pareça profundo demais para Ele, se o Eterno falou, Ele falou mesmo sabendo que você estaria um dia nesse lugar. E ainda assim Ele falou.
Decisões erradas nos privam de desfrutar da plenitude da Vontade do Pai.
Plantações mal feitas nos obrigam a colher frutos amargos.
Mas nada disso é capaz de frustar os Planos feitos por Ele, pelo simples fato de que foi Ele quem os fez.

Por isso, pare de fugir de si mesmo, de Deus, do mundo, do chamado, do ministério e de tudo o mais que você vem fugindo, sob desculpas esfarrapadas de incapacidade e falta de habilidade.
Ele já falou. Acabou, amigo; Ele vai fazer!
Ah, e obrigada àqueles que caminham comigo e compreendem a impossibilidade de ser outra coisa que não o que Ele traçou no Seu Coração!

Sua sempre,  Rachel=)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Então é assim...

Li um pequeno recado que me mostrou que eu estava certa. 
Desde o princípio.
Só que não doeu.

Sinceramente, Deus faz algumas coisas que não se entende direito.
Não sei porque, mas parece que tudo está sendo rápido.
Mas, não é melhor que seja rápido quando esse é o assunto?

Eu ainda estou ouvindo Adele e pensando em tudo.
Mas não chorei mais.
Na verdade, acho que vi um sorriso.

Ah, ela é linda.
Só lembre-se que plantar e não cuidar é perigoso.
Mas vá em frente. Eu ficarei bem.

Eu ainda estarei aqui quando precisar chorar. 
Quando precisar ouvir.
Afinal, eu decidi.

Abraços;

Sua sempre, Rachel=)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Realmente ouvi isso?

Ela com certeza estava atordoada.
Semi-nua, pés descalços, lama em boa parte do seu corpo. Talvez frio. Com certeza, vergonha.
Mas, também, pudera. Fora arrancada de um leito qualquer, ao som de gritos de "morra!".
E agora ela estava diante dEle.

Sem dúvida, a fama dele ia à sua frente. E ela já a conhecia.
Pelo menos de ouvir falar.
Mas tudo que aconteceria a seguir mudaria para sempre seu modo de ver e viver a vida. E, principalmente, amar.

Em farrapos, jogada brutalmente ao chão, ela ouvia cabisbaixa a intenção de seus acusadores.
- Morte! Morte! Apedrejem-na! Morra!
Ela sequer tinha forças ou coragem de se defender.
Quem os culparia? Eles defendiam a Lei.
Ela era a pecadora.
E Ele o Santo de Deus.

Tudo girava ao seu redor, e com certeza ela não ouviu muita coisa.
O medo lhe escorria pela face.
Mas um som oco a fez acordar daquele marasmo:  pedras ao chão.
Talvez ela depois tenha perguntado para alguém o que acontecera; mas naquele momento, o que importava é que as pedras não estavam sendo jogadas. Não na sua direção.

E tudo ficou em silêncio. Um incômodo vazio.
E ainda assim, não havia nela qualquer traço de coragem para fitar o seu Salvador.
Mas Ele fazia questão de que ela O visse e ouvisse.
E então as palavras que ecoariam pelos séculos como um conforto aos corações feridos foram pronunciadas:
"- Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? Eu tão pouco te condeno. Vá e não peques mais."

Ela deve ter dado uma coçadinha no ouvido, batido levemente com a mão na cabeça. Algo ela fez. 
Ninguém acreditaria no que acabara de ouvir: "Vá... vá... Eu não te condeno... vá... E não peques mais...Vá!"

Fico a pensar em como aquela mulher se levantou. Eu só me levantaria depois de duas horas de choro.
O certo é que, uma hora, ela se levantou. E se foi. E dela não sabemos mais nada.
Mas sabemos aquelas palavras. E essas palavras não morreram com aquela mulher.

O mesmo Cristo, que um dia olhou com compaixão e misericórdia uma adúltera, olhou para o horizonte sobre uma cruz e disse "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."
Aquele homem fez valer cada palavra quando o túmulo se abriu.
Jesus derrubou todas as pedras de acusação quando deu-se por mim e por você.
O Salvador garantiu que a mim e a você seja dito: "Vá, e não peques mais", quando ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.

Naquele dia, Cristo provou ao mundo que o Seu Amor e a Sua Misericórdia sempre estarão ao alcance daqueles que deles precisam. Daqueles que reconhecem sua necessidade.
As mesmas palavras ainda são pronunciadas.
Por cima de pecados "imperdoáveis". Sobre atrocidades inimagináveis. Acima de decisões inconsequentes.
As mesmas palavras ainda serão pronunciadas, sempre que um coração quebrantado se encontrar diante do Olhar do Mestre.

Baseado em João 8

Para o livro, Promessas e não Probabilidades

Sua sempre, Rachel=)

domingo, 13 de novembro de 2011

Hoje

Hoje pensei no nosso futuro.
A cada dia vou me convencendo que eu e você não seremos nós.
Nossos caminhos se cruzaram, mas não continuarão juntos.
Apenas se cruzaram.

Hoje chorei pela minha perda.
Sei que ainda te tenho. Ainda sou sua.
Mas sinto que estou te perdendo a cada dia.
Acho que você não percebeu ainda.

Hoje pensei nas memórias que não viveremos.
As estrelas que não contaremos.
O som do mar que não ouviremos.
O bebê que não teremos.

Hoje senti a dor de não tê-lo.
Você ainda está aqui, eu sei.
Mas é que sinto que não continuarei a tê-lo por muito tempo.
Por que isso?

Hoje as lágrimas se confundiram à água do chuveiro.
Como névoa, você pareceu um sonho.
Uma realidade que desejei ardentemente que se concretizasse.
Mas, acho que sabemos que tudo não passou de uma má ideia.

Hoje eu ouvi Adele pensando em você.
Lembrei de como desejei ouvi-lo cantar para mim.
E admiti, entre lágrimas, que não serei eu que ouvirei você embalando nosso filho.
Afinal, não haverá nosso filho. Ou haverá?

Hoje senti que meu amor não será suficiente.
Mas a esperança ainda pode sobreviver?
Desejo desesperadamente que sim.
Porque eu serei a mais feliz se puder amá-lo e ser amada.
De verdade. E não apenas por uma tela.

Sua sempre,
Rachel=)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

É isso que sei

É isso que sei:

"Amanhã sempre é um novo dia. Mas as escolhas de hoje não podem ser apagadas."


"Cada decisão de amar é única, baseada em pontos do caráter específicos. Ninguém é amado pelo mesmo motivo."


"Querer não é poder. Muito menos conseguir."


"Dizer 'não' é uma das tarefas mais difíceis desta vida. Mas uma das mais imprescindíveis."


"Viver à espera de um grande dia impede que você viva pequenos momentos de grandeza."


"Minhas decisões nem sempre refletem minha opinião. Nem meu caráter."


"Apenas ações não definem o caráter."


"Convicções nem sempre são fortes o suficiente para evitar más escolhas."


"O cansaço do coração é mais difícil de ser tratado do que o cansaço das pernas."


"Saudade nunca diminuiu, jamais acaba. Saudade é um incômodo que se aprende a conviver."


Sua sempre, Rachel=)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O que escondes?

Menina, o que escondes?
Por que esta camada sobre teu rosto?
Por que teus olhos não brilham naturalmente?

Mulher, o que escondes?
Por que tua boca parece enfeitada, mas não doce?
Por que teu sorriso é colorido, mas triste?

Menina, o que escondes?
Defeitos?
Cicatrizes?

Mulher, o que escondes?
Imperfeições?
Erros?

"Tento esconder minhas imperfeições na pele", responde a menina.
"Maqueio os defeitos do meu caráter", diz a mulher.

"Não quero que ninguém veja minhas cicatrizes de espinha", fala a menina.
"Por favor, não deixe que ninguém perceba a destruição do meu coração", confessou a mulher.

O que escondes?

Abraços,


Sua sempre, Rachel=)