segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sutileza

Ouvi pessoas andando e correndo atrás de mim o dia todo.
Mas nenhum passo me vez virar.
Pra quê? Já tinha corrido aquela maratona antes. E cá estava eu de novo, sentada na beira da calçada, tomando meu refrigerante imaginário, acreditando que, de alguma forma, aquilo se transformaria em algum benefício no meu organismo.

Se eu contar que até Ele veio e, ainda assim, de teimosa que sou, não olhei, vocês nem acreditariam, né?
Mas eu fiz. De novo. E de novo. 
Recusei-me a vê-lo  mesmo ouvindo-o.
Insisti em pisar errado no meio da corrida, sob o "forte argumento" de que Ele já me vira correndo antes e tropeçando antes. Ele não precisava de mais uma demostração da minha falta de habilidade em corridas de longa distância.

Meu treinador é especial.
Ele é gentil e educado, sutil e extremamente eficaz.
Ele já aprendeu a lidar comigo (afinal, me viu antes de nascer). Ele sabe como eu reajo a um confronto direto. Ele sempre preferiu as entrelinhas, os sinais.
E dessa vez não foi diferente.

Sentada na beira da calçada, negando-me a obedecê-lo, Ele simplesmente me deixou ali.
Não porque Ele desistira. Ele jamais desiste, vai por mim.
É que ele viu o carrinho de água vindo em minha direção.
Ele não impediu que aquele motorista desgovernado batesse em mim e derramasse toda aquela água gelada em mim.
Ele só acertou as coisas para que eu saísse ilesa.
Fisicamente intocada, a não ser pelo banho gelado.
O mesmo não se pode dizer do meu coração.

Com um só golpe, Ele conseguiu mover a teimosia que me impedia de correr.
Aquela estratégia serviu como nenhuma outra para me fazer ver o quanto Ele ainda me ama.
Seu cuidado não impediu o acidente, mas garantiu a integridade e, principalmente, a decisão de continuar.
Calçar o tênis depois de ter tirado, após um longo trecho de caminhada, não é nada fácil.
O pé já está inchado. Já há calos. Se não, bolhinhas na planta do pé.
Mas a corrida não terminou.
E se eu ouvir as sugestões e as ordens de pise direito, eu sei que chego.
Mas, treinador, por favor, não me deixe correr sozinha.

Abraços

Sua sempre, Rachel=)

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