domingo, 20 de novembro de 2011

Ainda podemos sonhar

No fundo escuro daquela prisão, talvez ninguém julgaria aquele menino se ele desistisse.
Afinal, sua trajetória até ali mais parecia um filme de terror.
Órfão de sua mãe quando ainda mal sabia ler, viu-se diante de um mundo áspero e rude.
Seus irmãos, bem mais velhos que ele, filhos de outras mulheres, não gostavam muito da ideia de dividir a casa com um menino mimado como ele.

Seu pai, já velho, ainda chorando a morte de sua mulher amada, viu nele a chance de consertar antigos erros. Mas isso foi o que lhe causaria tantos problemas.
O menino cresceu sem senso de limites, mas com grandes sonhos.
E seus sonhos tornar-se-iam seus maiores pesadelos.

Ainda jovem, seu pai incumbia-lhe de vigiar seus irmãos.
Não bastava ser o queridinho; era ainda o fofoqueiro oficial da família.
Quanto ódio não se alojou naqueles corações!

E não bastasse isso, seus sonhos eram largamento compartilhados, com a boca cheia:
"Sonhei que estávamos colhendo trigo; e então, o meu feixe se colocou de pé, e os de vocês se curvaram."
Não, seus sonhos não estavam errados. Errada era a hora e a maneira de contá-los!
"Eu vi o sol, a lua e onze estrelas se curvarem diante de mim."

O mais querido pelo seu pai, presenteado com o mais caro do vestuário local.
Mas seus irmãos tinham por questão de honra acabar com aquela situação.
"Lá vem o sonhador."
E assim começa a aparente tragédia na vida de José.

Nesta história ninguém é isento de culpa.
Jacó criou um filhinho-do-papai.
José cresceu rodeado de mimos e acreditando ter o rei na barriga.
E os irmãos, relegados a segundo planos, filhos das mulheres, que não a amada Rachel, jamais tiveram a atenção e o cuidado que todo filho deveria ter de seus pais.

É por isso que a decisão de matar o causador de tamanha dor não parece estranha aos irmãos, salvo um deles.
Mas eles não vão tão longe: vendem José a uma caravana de negociantes de escravos que descia ao Egito.
E lá se vai José, rumo a uma jornada que transformaria um menino em um governador.

De irmão vendido, torna-se escravo comprado por Potifá.
E lá prospera. Prospera tanto a ponto de seu senhor colocá-lo como chefe sobre tudo. 
Às vezes fico pensando se José não se acostumou com aquela vida; se não acreditou que aquilo era o máximo que chegaria.
Por vezes, acho que ele poderia ter desistido do grande sonho e aderido àquela vida como a realização inacabada daquela Era de Ouro outrora sonhada.

Deus nunca faz nada por acaso. Nunca.
Na casa de Potifá, como escravo, José aprendeu a humildade que lhe faltava na casa de seu pai.
E deixou de ser fofoqueiro. Quer ver?

Quando a mulher de Potifá, ao tentar seduzi-lo, sem sucesso, acusa-o de tentar violentá-la, José poderia muito bem ter "gritado seus direitos" dizendo ser ela a adúltera.
Mas não o fez. José aprendeu a confiar na justiça de Deus.
Aliás, Potifá bem conhecia sua esposa, pois se acreditasse em sua versão, teria dado destino muito diferente ao que deu a José: a prisão do Egito.

E na prisão, José aprendeu a administrar o nada.
Por dois anos, naquele fim de mundo, poderia ter desistido. Ninguém o culparia.
Mas talvez ali ele tenha entendido que o sonho dele não se limitava à casa do general Potifá. Talvez ali ele tenha compreendido que seu destino era o palácio real.
E permaneceu firme, crendo que um dia, tudo aquilo faria sentido. 
Pois quem havia lhe feito sonhar era maior do que ele, maior do que a prisão, maior do que o ódio de seus irmãos!

O grande segredo de José não está no sonhar.
Seu grande segredo foi confiar em quem o fez sonhar!
José acreditou piamente que se o Deus de seu pai, de seu avô, de seu bisavô Abraão o escolhera para tão grandioso sonho, aquele sonho, uma hora ou outra, se realizaria, custasse o que custasse.

José nos ensina que sonhar não é tudo. Confiar em quem lhe deu o sonho é que é essencial!
Sem confiança, não há descanso.
Sem descanso, não há espera.
Sem espera, não há realização.

Sonhos sonhados em Deus sempre se realizarão, pois os sonhos de Deus não podem morrer, pelo simples fato de que foi o próprio Eterno quem os sonhou primeiro.
Ainda que o poço seja fundo; ainda que a prisão cheire mal; há um propósito para todo acontecimento enquanto se espera a realização do sonho.
O poço não é o fim.
A prisão não é o fim.
Nem a casa de Potifá é o seu destino.
Se você nasceu sonhando com o palácio, acredite, você chegará lá, pois o Eterno também sonhou.

E para quem ainda não sabe, José, dois anos depois, foi chamado pelo Faraó para interpretar um sonho (Deus faz algumas coisas engraçadas).
E nessa de interpretação, José não apenas disse ao Faraó o que o seu sonho significava, mas lhe deu a estratégia para combater a Grande Fome e ainda saiu com o título de Governador do Egito, com poderes limitados apenas pelo próprio Faraó.
E mais tarde, na época da escassez, seus irmãos vieram lhe procurar, curvando-se diante dele, como naquele velho sonho.
Mas isso, já é outra história!

Para o livro Promessas e não Probabilidades.

Abraços

Sua sempre, Rachel=)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Esquece, Ele vai fazer!

Um dos meus primeiros "posts" foi sobre ouvir Deus. E começo a perceber que talvez, em toda a caminhada cristã, este seja um dos grandes segredos.
Não sei vocês, mas eu (e mais algumas pessoas com quem convivo há anos) são assim: às vezes, evitam falar com Deus, porque uma hora Ele vai falar, e por mais teimosos que sejamos, não haverá como resistir.

É engraçado como por vezes tentamos inutilmente fugir dos planos do Eterno.
E digo inutilmente mesmo, porque é algo simplesmente impossível.
Podemos nos "esconder" da Sua Vontade, do Seu Plano por algum tempo. Mas esse tempo será sempre reduzido.
Afinal, acho que às vezes esquecemos o que significa dizer "Planos do Eterno"!!

Essa semana foi a prova cabal de que não se foge do chamado.
Pode-se tentar se esconder, se esquivar, rejeitar, espernear! 
Esquece. Algumas coisas nessa vida são destinadas a você.
E o Eterno, quando faz planos, Ele faz sabendo que eles se cumprirão.

É por isso promessas ditas pelo Eterno não são como nossas promessas de fim de ano.
Meras expectativas. Simples probabilidades.
As palavras do Senhor jamais cairão por terra. Nunca serão pronunciadas sem a certeza de que elas já são no mundo dEle.
E é por isso que fugir não adianta nada. 

Por isso, é preciso firmar-se na certeza de que, ainda que o vale pareça profundo demais para Ele, se o Eterno falou, Ele falou mesmo sabendo que você estaria um dia nesse lugar. E ainda assim Ele falou.
Decisões erradas nos privam de desfrutar da plenitude da Vontade do Pai.
Plantações mal feitas nos obrigam a colher frutos amargos.
Mas nada disso é capaz de frustar os Planos feitos por Ele, pelo simples fato de que foi Ele quem os fez.

Por isso, pare de fugir de si mesmo, de Deus, do mundo, do chamado, do ministério e de tudo o mais que você vem fugindo, sob desculpas esfarrapadas de incapacidade e falta de habilidade.
Ele já falou. Acabou, amigo; Ele vai fazer!
Ah, e obrigada àqueles que caminham comigo e compreendem a impossibilidade de ser outra coisa que não o que Ele traçou no Seu Coração!

Sua sempre,  Rachel=)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Então é assim...

Li um pequeno recado que me mostrou que eu estava certa. 
Desde o princípio.
Só que não doeu.

Sinceramente, Deus faz algumas coisas que não se entende direito.
Não sei porque, mas parece que tudo está sendo rápido.
Mas, não é melhor que seja rápido quando esse é o assunto?

Eu ainda estou ouvindo Adele e pensando em tudo.
Mas não chorei mais.
Na verdade, acho que vi um sorriso.

Ah, ela é linda.
Só lembre-se que plantar e não cuidar é perigoso.
Mas vá em frente. Eu ficarei bem.

Eu ainda estarei aqui quando precisar chorar. 
Quando precisar ouvir.
Afinal, eu decidi.

Abraços;

Sua sempre, Rachel=)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Realmente ouvi isso?

Ela com certeza estava atordoada.
Semi-nua, pés descalços, lama em boa parte do seu corpo. Talvez frio. Com certeza, vergonha.
Mas, também, pudera. Fora arrancada de um leito qualquer, ao som de gritos de "morra!".
E agora ela estava diante dEle.

Sem dúvida, a fama dele ia à sua frente. E ela já a conhecia.
Pelo menos de ouvir falar.
Mas tudo que aconteceria a seguir mudaria para sempre seu modo de ver e viver a vida. E, principalmente, amar.

Em farrapos, jogada brutalmente ao chão, ela ouvia cabisbaixa a intenção de seus acusadores.
- Morte! Morte! Apedrejem-na! Morra!
Ela sequer tinha forças ou coragem de se defender.
Quem os culparia? Eles defendiam a Lei.
Ela era a pecadora.
E Ele o Santo de Deus.

Tudo girava ao seu redor, e com certeza ela não ouviu muita coisa.
O medo lhe escorria pela face.
Mas um som oco a fez acordar daquele marasmo:  pedras ao chão.
Talvez ela depois tenha perguntado para alguém o que acontecera; mas naquele momento, o que importava é que as pedras não estavam sendo jogadas. Não na sua direção.

E tudo ficou em silêncio. Um incômodo vazio.
E ainda assim, não havia nela qualquer traço de coragem para fitar o seu Salvador.
Mas Ele fazia questão de que ela O visse e ouvisse.
E então as palavras que ecoariam pelos séculos como um conforto aos corações feridos foram pronunciadas:
"- Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? Eu tão pouco te condeno. Vá e não peques mais."

Ela deve ter dado uma coçadinha no ouvido, batido levemente com a mão na cabeça. Algo ela fez. 
Ninguém acreditaria no que acabara de ouvir: "Vá... vá... Eu não te condeno... vá... E não peques mais...Vá!"

Fico a pensar em como aquela mulher se levantou. Eu só me levantaria depois de duas horas de choro.
O certo é que, uma hora, ela se levantou. E se foi. E dela não sabemos mais nada.
Mas sabemos aquelas palavras. E essas palavras não morreram com aquela mulher.

O mesmo Cristo, que um dia olhou com compaixão e misericórdia uma adúltera, olhou para o horizonte sobre uma cruz e disse "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."
Aquele homem fez valer cada palavra quando o túmulo se abriu.
Jesus derrubou todas as pedras de acusação quando deu-se por mim e por você.
O Salvador garantiu que a mim e a você seja dito: "Vá, e não peques mais", quando ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.

Naquele dia, Cristo provou ao mundo que o Seu Amor e a Sua Misericórdia sempre estarão ao alcance daqueles que deles precisam. Daqueles que reconhecem sua necessidade.
As mesmas palavras ainda são pronunciadas.
Por cima de pecados "imperdoáveis". Sobre atrocidades inimagináveis. Acima de decisões inconsequentes.
As mesmas palavras ainda serão pronunciadas, sempre que um coração quebrantado se encontrar diante do Olhar do Mestre.

Baseado em João 8

Para o livro, Promessas e não Probabilidades

Sua sempre, Rachel=)

domingo, 13 de novembro de 2011

Hoje

Hoje pensei no nosso futuro.
A cada dia vou me convencendo que eu e você não seremos nós.
Nossos caminhos se cruzaram, mas não continuarão juntos.
Apenas se cruzaram.

Hoje chorei pela minha perda.
Sei que ainda te tenho. Ainda sou sua.
Mas sinto que estou te perdendo a cada dia.
Acho que você não percebeu ainda.

Hoje pensei nas memórias que não viveremos.
As estrelas que não contaremos.
O som do mar que não ouviremos.
O bebê que não teremos.

Hoje senti a dor de não tê-lo.
Você ainda está aqui, eu sei.
Mas é que sinto que não continuarei a tê-lo por muito tempo.
Por que isso?

Hoje as lágrimas se confundiram à água do chuveiro.
Como névoa, você pareceu um sonho.
Uma realidade que desejei ardentemente que se concretizasse.
Mas, acho que sabemos que tudo não passou de uma má ideia.

Hoje eu ouvi Adele pensando em você.
Lembrei de como desejei ouvi-lo cantar para mim.
E admiti, entre lágrimas, que não serei eu que ouvirei você embalando nosso filho.
Afinal, não haverá nosso filho. Ou haverá?

Hoje senti que meu amor não será suficiente.
Mas a esperança ainda pode sobreviver?
Desejo desesperadamente que sim.
Porque eu serei a mais feliz se puder amá-lo e ser amada.
De verdade. E não apenas por uma tela.

Sua sempre,
Rachel=)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

É isso que sei

É isso que sei:

"Amanhã sempre é um novo dia. Mas as escolhas de hoje não podem ser apagadas."


"Cada decisão de amar é única, baseada em pontos do caráter específicos. Ninguém é amado pelo mesmo motivo."


"Querer não é poder. Muito menos conseguir."


"Dizer 'não' é uma das tarefas mais difíceis desta vida. Mas uma das mais imprescindíveis."


"Viver à espera de um grande dia impede que você viva pequenos momentos de grandeza."


"Minhas decisões nem sempre refletem minha opinião. Nem meu caráter."


"Apenas ações não definem o caráter."


"Convicções nem sempre são fortes o suficiente para evitar más escolhas."


"O cansaço do coração é mais difícil de ser tratado do que o cansaço das pernas."


"Saudade nunca diminuiu, jamais acaba. Saudade é um incômodo que se aprende a conviver."


Sua sempre, Rachel=)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O que escondes?

Menina, o que escondes?
Por que esta camada sobre teu rosto?
Por que teus olhos não brilham naturalmente?

Mulher, o que escondes?
Por que tua boca parece enfeitada, mas não doce?
Por que teu sorriso é colorido, mas triste?

Menina, o que escondes?
Defeitos?
Cicatrizes?

Mulher, o que escondes?
Imperfeições?
Erros?

"Tento esconder minhas imperfeições na pele", responde a menina.
"Maqueio os defeitos do meu caráter", diz a mulher.

"Não quero que ninguém veja minhas cicatrizes de espinha", fala a menina.
"Por favor, não deixe que ninguém perceba a destruição do meu coração", confessou a mulher.

O que escondes?

Abraços,


Sua sempre, Rachel=)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Às vezes

É que às vezes, só às vezes, penso que se não te amasse alguma coisa poderia ser mais fácil.
Confesso que às vezes, mas só às vezes, me bate no coração um aperto que julgo ser causado por tanto amor.
É que pesa te carregar. Te apresentar diante do Pai. Interceder.

Mas é que aprendi a amar.
Ama-lo no melhor do ano. No pior da semana.
A questão é que não escolhi amar um ideal projetado durante cinco dias.
Fui apresentada a uma realidade que, sinceramente, não gosto muito. Mas compreendo, e respeito.
E continuo a te amar. 

Mesmo em roupas sujas, cabelos bagunçados, um buraco no estômago.
Seus pés já estão descalços há algum tempo.
O anel já foi dado como penhor em alguma loja de esquina.
Só que eu amo o chamado que há em você.
Amo o caráter que se esconde sob essa roupagem que não lhe serve.

Vi o que jamais imaginei ver.
Descobri uma faceta que pensei nunca ter passado diante dos seus olhos.
E acredito que por isso, a decisão de amar é tão especial.
Por saber o que sei e ainda escolher amar.

Não fique zangado, é só às vezes.
Mas essa ideia nunca dura mais do que cinco segundos.
Porque não te amar não faz mais sentido.
Ainda que seja pra eu te entregar pronto para outro alguém cuidar de você.
Te amo, e não preciso dizer até quando! 

Sua sempre,

Rachel=)

sábado, 22 de outubro de 2011

Escolher amar

Se eu, humana e imperfeita, posso escolher amar incondicionalmente, quanto mais o Pai Celeste não nos dará maior segurança de Seu Amor e Seu Perdão??

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que estou lendo

Estou lendo este livro pela segunda vez, e continuo estarrecida com as grandes verdades nele reveladas.


A vida de Deus em nós é tudo que deveríamos buscar, e não a institucionalização de um projeto divino ou o sistema do poder.


Indico, veementemente, a leitura deste livro!! A Igreja precisa tirar de seu coração a culpa de não concordar, os Filhos precisam encontrar um refúgio somente  no coração do Pai, e não no sistema falido que nos empurra, mais e mais, para a acomodação em um lugar de inconformismo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sutileza

Ouvi pessoas andando e correndo atrás de mim o dia todo.
Mas nenhum passo me vez virar.
Pra quê? Já tinha corrido aquela maratona antes. E cá estava eu de novo, sentada na beira da calçada, tomando meu refrigerante imaginário, acreditando que, de alguma forma, aquilo se transformaria em algum benefício no meu organismo.

Se eu contar que até Ele veio e, ainda assim, de teimosa que sou, não olhei, vocês nem acreditariam, né?
Mas eu fiz. De novo. E de novo. 
Recusei-me a vê-lo  mesmo ouvindo-o.
Insisti em pisar errado no meio da corrida, sob o "forte argumento" de que Ele já me vira correndo antes e tropeçando antes. Ele não precisava de mais uma demostração da minha falta de habilidade em corridas de longa distância.

Meu treinador é especial.
Ele é gentil e educado, sutil e extremamente eficaz.
Ele já aprendeu a lidar comigo (afinal, me viu antes de nascer). Ele sabe como eu reajo a um confronto direto. Ele sempre preferiu as entrelinhas, os sinais.
E dessa vez não foi diferente.

Sentada na beira da calçada, negando-me a obedecê-lo, Ele simplesmente me deixou ali.
Não porque Ele desistira. Ele jamais desiste, vai por mim.
É que ele viu o carrinho de água vindo em minha direção.
Ele não impediu que aquele motorista desgovernado batesse em mim e derramasse toda aquela água gelada em mim.
Ele só acertou as coisas para que eu saísse ilesa.
Fisicamente intocada, a não ser pelo banho gelado.
O mesmo não se pode dizer do meu coração.

Com um só golpe, Ele conseguiu mover a teimosia que me impedia de correr.
Aquela estratégia serviu como nenhuma outra para me fazer ver o quanto Ele ainda me ama.
Seu cuidado não impediu o acidente, mas garantiu a integridade e, principalmente, a decisão de continuar.
Calçar o tênis depois de ter tirado, após um longo trecho de caminhada, não é nada fácil.
O pé já está inchado. Já há calos. Se não, bolhinhas na planta do pé.
Mas a corrida não terminou.
E se eu ouvir as sugestões e as ordens de pise direito, eu sei que chego.
Mas, treinador, por favor, não me deixe correr sozinha.

Abraços

Sua sempre, Rachel=)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Do jeitinho dEle

Deus tem um jeito único de lidar comigo.
Ele me conhece bem, 
e por isso sabe que não adianta dar uma surra para depois falar.
Deus é sutil, educado. 
Pequenas ideias que logo se transformam em grandes incômodos,
 até que fica impossível resisti ao seu chamado, à sua voz..
Deus tem um jeitinho que só Ele sabe como fazer 
para me trazer para perto dEle.
E isso me faz querer amá-lO ainda mais!!!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Segredos na mesa

Se tem algo que valorizo, que admiro, é um toque de mistério.
Nada muito na cara tem graça.
Vale a pena investir, camuflar, instigar.

Segredos na mesa devem permanecer entre amigos e amantes.
Nunca se desvendar por completo.
Jamais permitir-se ser descoberto por inteiro.

Talvez por isso que eu ame a ideia de um véu quando for noiva.
Um toque de fantasia, um toque de doçura, um toque secreto.

Quando pensei nesse post tinha algo pra contar, mas, nem me lembro mais o que era.
Mas acho que aí é que tá, segredos na mesa.
Ah, e um t.a.s., ainda que você não entenda.

Sua sempre,


Rachel=)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Viver é descobrir

Ninguém é quem pensamos ser; não completamente.
Às vezes são, mas não são tudo aquilo, ou são mais do que pensamos.
Pessoas mentem, escondem, frustram, decepcionam.
Pessoas surpreendem, maravillham e amam.
Sempre estamos descobrindo algo novo, e é aí que reside a beleza da vida.

Por vezes, sei que conheço muito bem alguém.
Parece até que conheço melhor do que ela mesma.
Mas, quando percebo, por mais que eu conheça, ainda existe um lado oculto, que, quando se revela, gera um sentimento totalmente imprevisível.

E nos coloca em uma situação única: decidir o que fazer com a descoberta!
Hoje, posso dizer que, porque sei o que sei, é que a decisão de continuar amando se torna tão especial.
Quando o castelo de cristal desmorona, se o que sobra ainda reluz, é porque vale a pena conhecer a estrutura.

Como já tenho dito, a vida não é feita de um momento, uma decisão.
Crescer em aprender a amar é a melhor solução para ver além.
Muitos nos decepcionaram, mas se vamos viver a mágoa dessa decepção, dependerá somente de nós.
Muitos nos surpreende, mas isso certamente, não representa uma realidade completa.
Viver é descobrir.
E descobrir é decidir.
Decidir deixar.
Decidir entender.
Decidir amar.
E eu decidi.
E não vou a lugar algum.

Sua sempre, 

Rachel=)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ele ainda ama

Todos preferiam o frescor matutino. Ela não.
As mulheres costumavam andar juntas, conversando sobre casa, família, filhos. Às vezes, algumas fofocas. Mas não aquela mulher.
Ela preferia o sol do meio-dia.
Homens aconchegavam-se sob alguma tenda ou uma mínima sombra de um pequeno arbusto. 
Mulheres ficavam em casa, colocando os filhos para dormir. 
Lagartos se escondiam embaixo de qualquer pedra.
Mas ela caminhava no sol escaldante.
O silêncio era sua única companhia. Sinceramente, sua melhor companhia. 
Afinal, ela era a razão das conversinhas e risadas.

Cântaro nos ombros, costas encurvadas, consciência pesada.
Tudo que aquela samaritana não precisava era de companhia.
Mas naquele dia, ela não pôde evitar.
Ao chegar ao poço, deparou-se com um jovem rapaz.
Traços fortes, encostado na fonte de água. Algo diferente no seu olhar.

"Um judeu, em Samaria?" pensou ela.
"Mulher, podes me dar de beber?" disse Ele.
Aquilo com certeza não acontecia todo dia. 
Um judeu falando com um samaritano. 
Uma samaritana. 
Uma mulher. 
E aquela mulher.

Sua vergonha vivia estampada em sua face, marcada pela dor.
Abandonos, traições. Coração partido. Amou e não foi amada.
As cascas de seu coração eram tão grossas que nem mesmo ela ousava transpassar aquela barreira.
Mas Ele ousaria. Sem invadir, Ele estava disposto a resgatá-la.

Cristo não a viu simplesmente como a adúltera, ou a mulher sem marido.
Ele a viu como uma mulher calejada pela vida, cujo coração era um perfeito terreno para sua obra maravilhosa.
A conversa que se seguiu não apenas curou aquela alma ferida, mas continua a nos ensinar, ainda hoje.
Ele sabe quem somos.
Sabe em quantos lugares sombrios estivemos. 
Conhece o que passou por nossos copos no último final de semana.
Viu em quantas camas deitamos, ou deixamos que deitassem.
Mas, acima de tudo, Ele vê quem podemos ser em suas mãos.

Aquela mulher deixou que o Mestre da Vida tecesse uma nova colcha em seu coração.
Permitiu que Ele a tocasse como nenhum outro homem jamais havia conseguido: Ele não lhe pôs as mãos, mas seus olhos viram fundo em sua alma angustiada, em seu espírito cansado.
Cristo não apoiou seu erro, seu pecado; mas lhe ofereceu uma oportunidade: arrependimento, conversão.
E ela foi sábia o suficiente para, em uma simples conversa, permitir-se ser curada.

E Ele continua sentado na fonte, dia após dia, aguardando que reconheçamos a necessidade de um encontro com Ele.
Ele ainda diz: "Seus erros não significam o ponto final. Eu posso tentar?"
Seu olhar ainda nos vê. Ele ainda nos ouve e sonda nosso coração.
E ainda assim, Ele decidiu nos amar. Simplesmente, porque Ele decidiu por Ele mesmo que vale a pena.
Ninguém é um caso perdido em suas mãos.
Nenhum passado é feio demais para não ser perdoado.
Nenhum culpa é forte demais para que Ele não possa arrancá-la e pregá-la na cruz.
Aquele que se fez pecado por nós tem plena condição de nos salvar do peso de nossa consciência.
Basta irmos à fonte.

Para o livro Promessas e não Probabilidades

Sua sempre, Rachel=)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A linguagem do coração

Chega uma hora em que palavras são inúteis. Não é que elas não traduzem um sentimento ou um pensamento. Elas simplesmente não podem.

Palavras se tornam inócuas, sem som. Nada pode ou consegue esboçar o que se vai no coração. Amargurado, ele se esforça para transmitir, em palavras, o que sente. Pobre coração! Jamais aprendeu a linguagem dos homens, a linguagem das palavras.

Mas ele tem uma arma. Um segredo guardado para todos aqueles que dele necessitam. Pena que é uma linguagem única. Única para quem fala. Única, pois só Um entende.

Jó, Rei Davi, os Profetas Ezequiel, Isaías, Jeremias; qual a semelhança? Viveram em épocas diferentes, em lugares diferentes, sob diferentes dificuldades. Mas todos conheciam o segredo. Eles descobriram a linguagem perfeita para a audição do coração de Deus. S U S P I R O S.

Em todas as passagens há tristeza, choro, arrependimento. Quando não todos eles.
"Pois em lugar de meu pão vem o meu suspiro,  e os meus gemidos se derramam como água." (Jó 3:24)

"Porque a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a minha força descai por causa da iniquidade, e os meus ossos se consomem." (Salmos 31:10)

"Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor." (Lamentações 3:56)

E o meu preferido:"E abriu-o diante de mim, e o rolo estava escrito por dentro e por fora; e nele se achavam escritas lamentações, e suspiros e ais" (Ezequiel 2:10)

Deus guarda para si um livro de suspiros. Linguagem capaz de acalmar o coração; coloca para fora aquilo que nossa boca não ousa tentar. Segredos não revelados, tristezas secretas, planos frustrados. Normalmente, acompanhado de suas irmãs, as lágrimas. Um suspiro pode contar sua necessidade ao Criador.

E ainda bem que o Pai entende suspirês; afinal, o que seria de mim que tanto deixo meu coração falar?

Um abraço,

De sua sempre, Rachel=)

sábado, 10 de setembro de 2011

Areia, peixe e perdão

Ele não tinha coragem de encará-lO.
Embora tenha sido o primeiro a pisar naquela praia, após uma longa e cansativa noite de pescaria, seu coração não aceitava ser alvo daquele Amor.
E por que Ele tinha quer vir aqui? 
Um local de tantos encontros, de tantos milagres, de tantos ensinos.
Já tínhamos caminhado juntos por, quanto tempo mesmo? Ah, três incríveis anos.
Mas, três dias foram suficientes para jogar por terra tudo isso.

Você não sabe? Como não? Todos sabem.
Qualquer judeu já ficou sabendo do seguidor que o negou.
Os estrangeiros também cochicham pelos cantos.
Até seus irmãos também se calavam quando ele chegava.

E de repente, depois de uma tormenta, uma noite fracassada e uma palavra, aqui estavam eles.
Estranhamente, Ele já estava assando o peixe.
Pão sobre uma pedra.
Sorrisos no rosto daqueles que por algum tempo, imaginavam que nunca mais O veriam.
Mas naquela roda um coração doía. Aquela tristeza que não queria deixa-lo.
A vergonha de ser um traidor.
A decepção de decepciona-lO.

Essa com certeza seria a hora perfeita para Ele.
No meio de todos aqueles que o ouviram dizer que morreria por Ele.
Entre outros que, no fundo, também o julgavam.
Era o momento dEle de dizer algumas poucas e boas verdades.
Nada seria mais lógico.
Mas Ele nunca foi lógico. Ele era o Amor andando sobre a Terra.

"-Pedro, tu me amas?"
Acredito que o apóstolo tenha pensando que era alguma piada.
"Como assim? Eu o nego e Ele me vem perguntar se o amo? Aquela noite não foi uma demonstração suficiente?"
"-Pedro, tu me amas?"
"O que queres de mim? Não sirvo mais para ti."
"-Pedro, tu me amas?"
"Senhor, tu sabes de todas as coisas; tu sabes que eu te amo."

Aquelas perguntas curaram o coração despedaçado de Pedro.
Jesus, melhor do que ninguém, sabia que Pedro não precisava de acusação ou reprovação.
O Seu olhar naquela noite já lhe havia dito tudo.
Pedro precisava ter sua alma curada.
Precisava alcançar o perdão para si mesmo.
Somente Ele podia dar o descanso e a certeza de que era possível amá-lO de todo o coração e não ser rejeitado pelo Seu Amor.

Cristo nunca foi nomeado para acusar. Ele sabe o quanto um ser humano é capaz de acusar-se a si mesmo. E o quanto a tristeza do peso do pecado e da traição pode ser insuportável (afinal, seu amigo Judas não resistira ao peso da culpa e sucumbira).
Naquela praia, Ele nos deu uma certeza: seu Amor jamais recusará um coração contrito. Seu perdão não tem limite, não vem com taxa embutida ou com crédito até o limite de cem pecados na vida.
Ele ama. Ele perdoa. Ele cura almas feridas. Ele resgata tanto pecadores, quanto filhos que se perdem no caminho. 

Ele morreu por TODOS os pecados da sua vida. Todos são todos. 
Não pelos menos feios ou menos escandalosos.
Todos. Sem exceção.
Sem data limite. Sem restrição.
Todos.
Ontem Ele sentou na areia para curar Pedro.
Se você permitir, hoje Ele pode se sentar à beira de sua cama para lhe trazer o que a sua alma precisa.

Um olhar.
Uma pergunta.
Uma certeza.
Um homem curado.
Uma nação impactada.
Uma vida a serviço do Seu Amor.

Para o livro, Promessas e não Probabilidades.

Sua sempre, Rachel=)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Alguém pode?

Alguém pode me garantir que a dor vai parar? 
Alguém pode pelo menos me dar a esperança 
de que um dia tudo será como antes?
Alguém pode me guiar ao descanso outra vez?
Não, ninguém pode.
Sim, Ele pode.

Toma, Senhor. Pega, se é que lhe serve, e refaz... 
Quebra tudo e faz de novo, e de novo!! 
Porque só o Teu Amor me desfaz, e me refaz...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tomado à força

Contei que tive meu aparelho celular furtado? (Senão no blog, com certeza no Face)
Mas algo me ocorreu nesses dias: algumas coisas nos são tiradas à força porque estamos tão presas a elas que não vemos o que há de melhor ao redor.

Depois do drama da "quase perda" do meu aparelho no início do ano, eu não queria me desfazer dele por nada, mesmo querendo, no fundo, um aparelho novo.
E aí, ocorreu o furto. Não houve desespero, a não ser pelas fotos e vídeos perdidos.

E percebi a oportunidade que nunca teria se o celular permanecesse comigo: comprar um novo aparelho!
E mais do que isso, comecei a visualizar como nós, muitas vezes, nos apegamos tanto que somente com um solavanco conseguimos ver além.

Muitas vezes o Pai nos trata assim: Ele tenta nos mostrar algo mais, algo além; mas estamos tão focados no nosso próprio modo de entender e viver a vida, que não percebemos o melhor de Deus se aproximando. E aí Deus se vê "obrigado" a simplesmente arrancar de nós aquilo que mais damos valor para que possamos provar daquilo que Ele mais dá valor.

É preciso compreender que Deus nunca irá privar-nos de algo sem um propósito, sem um alvo traçado.
O Pai ama independentemente do modo como nos comportamos, afinal, somos alvo do seu amor incondicional. 
E sabendo como somos, Ele fará o necessário para que possamos compreender os Seus planos, ainda que isso signifique tomar à força nosso chão, para que possamos alcançar o seu céu.

Abraços

Sua sempre,

Rachel=)